A dor do dia seguinte

01-03-2022

Pessoas que não praticam exercícios regularmente ou o fazem de forma esporádica sempre, costumam apresentar queixas de dor muscular após a realização de exercícios de intensidade moderada ou alta.

Os músculos quando submetidos a esforços incomuns apresentam como consequência um processo inflamatório que se inicia 24 a 48 horas após e se estende por 5 a 7 dias. Este quadro é muitas vezes confundido de forma errónea com o acumulo de ácido láctico. O ácido láctico só provoca a dor aguda durante o exercício ou imediatamente após.

A "dor do dia seguinte" não tem nenhuma relação com o ácido láctico, sendo, na verdade, uma reacção inflamatória decorrente do esforço muscular excessivo, durante a prática desportiva.

A dor do dia seguinte é mais frequentemente associada ao chamado componente excêntrico do exercício, o qual se caracteriza em situação como correr em descidas ou mesmo quando, por exemplo, mantemos um músculo contraído enquanto ele é alongado. Este é um componente muito frequente em vários padrões de movimento. Este quadro de dor é geralmente incapacitante ou mesmo muito desconfortável.

Na literatura encontramos trabalhos que comprovam que a aplicação de gelo, e principalmente o uso de anti-inflamatórios são os únicos procedimentos realmente eficazes no alívio da dor e regressão do quadro.

O gelo é indicado pelas suas propriedades vaso constritoras diminuindo o inchaço (um dos componentes da inflamação). O anti-inflamatório tem sua aplicação por combater a inflamação, que é a causa primária do problema, e também por suas propriedades analgésicas. Assim o indivíduo pode retornar a pratica desportiva mais rapidamente.

Fractura de fadiga (stress): Os ossos, assim como os músculos, são vivos e podem ser submetidos a condicionamento. O aumento sucessivo de cargas proporciona um aumento na densidade e na resistência dos ossos e é com base nisso que se recomenda às pessoas que têm osteoporose que façam caminhadas.

O aumento da densidade e da resistência óssea é bem mais lento do que o que observamos para os músculos e às vezes atletas bem condicionados do ponto de vista muscular são surpreendidos com uma limitação causada por uma fractura de algum osso que não resistiu ao programa de treino.

Um osso submetido a cargas sucessivas reage com adaptação, mas se as cargas forem além da capacidade de adaptação, este osso sofre fadiga e quebra. A sobrecarga que quebra costuma ser cumulativa, ou seja, o que vale é o que se praticou nas últimas semanas e não no dia em que se sentiu a fractura.

O diagnóstico clínico é fácil, mas na fase inicial não aparece nas radiografias simples, sendo necessária uma cintilo grafia óssea ou ressonância magnética. Os ossos mais acometidos são a tíbia e os metatarsianos, mas qualquer osso pode sofrer fractura de fadiga.

O tratamento depende da dimensão da lesão, mas geralmente consiste de anti-inflamatórios, analgésicos, de ajuste das cargas podendo ser necessário até mesmo o afastamento total da corrida ou do desporto praticado. Raramente é necessário imobilizar.

Durante o tratamento, para que não haja perda da condição física, é interessante utilizar-se da bicicleta ergo métrica, da piscina para corrida na água com flutuadores, além de natação.

Tendinites: Os tendões são prolongamentos musculares que transmitem os movimentos gerados pelos músculos e são tecidos vivos que se fortalecem com as actividades físicas. O condicionamento dos tendões é mais lento do que o muscular, mas com o treino adquirem grande resistência.

O condicionamento dos tecidos vivos é baseado no aumento sucessivo de cargas, mas a capacidade de adaptação e de modelação é variável entre as pessoas e, às vezes ultrapassamos nossos limites com sobrecargas que não são assimiladas e, por isso, geram lesões nos tecidos tendinosos.

Estas lesões, inicialmente microscópicas, podem ser imperceptíveis, permitindo que o atleta continue praticando sua actividade física sem se tratar, piorando o quadro que inicialmente se caracteriza por inflamação, aumento de volume e de dor.

Devido a factores topográficos e biomecânicos, algumas destas tendinites são difíceis de diagnosticar-se até mesmo com ultra-sonografia e ressonância magnética. Nestes casos, o médico e o atleta precisam de paciência para interpretar os dados.

As tendinites não tratadas podem evoluir para tendinose que predispõe à ruptura e, por isso, é importante que o tratamento seja levado a sério. Para o tratamento, são importantes: O ajuste das cargas da actividade física, o ajuste biomecânico dos movimentos, a fisioterapia e os anti-inflamatórios.

O tratamento adequado das tendinites com a correcção da actividade física, a fisioterapia e o uso de anti- inflamatórios é de fundamental importância para o conforto do desportista, com a melhora da dor, e para que se evite a ocorrência de tendinose e a ruptura do tendão.

Fonte: www.runnerbrasil.com.br